
Dizem que o ano só começa depois do carnaval, certo? Pensando nisso, resolvi compartilhar com vocês um hábito que tenho todo início do ano: organizar o guarda-roupa e tirar de lá tudo o que não me serve mais.
Depois dessa faxina, o armário fica mais leve, a energia circula e é bem mais fácil me achar lá dentro, mas o que fazer com as roupas descartadas? Como dar um fim sustentável a elas, evitando que terminem no aterro sanitário? É só continuar lendo que vou contar as dicas que conheço e outras que pesquisei. Dizem que dica boa é dica compartilhada, então bora conferir!
Basicamente, há quatro maneiras de lidar com as peças que já não servem mais: doação, revenda, upcycling e descarte sustentável através de logística reversa. Alguns desses conceitos podem até parecer complicados à primeira vista, mas aguenta aí que eu explico tudinho.
Doação
É a maneira mais comum de passar nossas roupas adiante. Quem é que nunca doou aquela peça que estava encostada no armário para um parente ou para caridade? Esse tipo de descarte é 100% do bem, pois conseguimos nos livrar das roupas que não nos servem mais e ainda ajudar a quem está precisando.
Eu, por exemplo, costumo doar roupas em bom estado para o Exército da Salvação. Acho o processo deles super prático. Basta agendar a coleta por telefone que eles recolhem as doações no nosso endereço. Em geral, fazem isso sem custos, mas você pode ajudá-los pagando uma pequena contribuição para o frete, o que é super de bom tom. As peças recolhidas vão para bazares e a renda é revertida para projetos sociais. Segue o link com informações sobre o agendamento da retirada.

Revenda
É a modalidade de “descarte” amiga das nossas contas bancárias. Sabe aquela peça que você usou poucas vezes e percebeu que não combina muito com você? Ela pode fazer outra pessoa feliz e ainda render um dinheirinho. Basta botá-las para vender em um brechó que você conheça ou mesmo anunciá-las em sites como Enjoei ou Repassa. É só sucesso!

Upcycling
O nome pode parecer complicado, mas nada mais é do que a reutilização das peças que você já tem em casa. Consiste em dar um destino alternativo às roupas que não queremos mais. Sabe aquela tendência na qual você investiu, mas que na estação seguinte percebeu que não faz mais sentido? Se ainda gostar da peça e não ver problema algum em usá-la, tudo bem! Continue montando looks incríveis com ela; caso contrário, pode tentar fazer uma customização e reformá-la. O YouTube tem milhares de vídeos que ensinam.

Logística reversa
É a solução sustentável que muitas empresas do setor têxtil encontraram para transformar sobras de retalhos provenientes de suas confecções em material reciclado. E como nós, enquanto consumidores, podemos nos beneficiar dessa modalidade de descarte? Aí é que vem o pulo do gato.
Hoje, no mercado, existem algumas empresas que viabilizam o descarte, pelo próprio consumidor, de roupas que atingiram seu tempo de vida útil. Funciona assim: você compra uma peça na loja, usa (por muitos anos – o planeta agradece) e quando essa fica gasta, retorna a uma loja (não necessariamente onde comprou) que a encaminhará para reciclagem. Desse modo, evita-se que resíduos têxteis terminem em aterros sanitários ou lixões, uma solução para lá de sustentável.

Mas se é para reciclar, por que simplesmente não descartar as roupas velhas no lixo e deixar que as companhias de limpeza urbana as destinem à reciclagem assim como fazem com plásticos, papéis e vidros? Não é tão simples assim. No Brasil, ainda não existe coleta seletiva de resíduos têxteis. A única alternativa disponível para descartar roupas velhas que não podem ser doadas é através das lojas que trabalham com logística reversa. Listo abaixo as que conheço, mas se você souber de alguma outra, por favor deixe nos comentários. Quanto mais informação melhor, não é mesmo?
- C&A: através do Movimento Reciclo, conta com urnas em algumas de suas lojas (clique aqui para maiores informações e pontos de coleta) onde o consumidor pode depositar peças gastas ou em bom estado. Essas são encaminhadas ao Centro Social Carisma que, através de doações, beneficia instituições de caridade; já aquelas à empresa Retalhar que as destina à reciclagem.
- Puket: criou da campanha Meias do Bem. Funciona assim: você deposita suas meias velhas ou sem par (inclusive de outras marcas) em urnas localizadas em todas as lojas da Puket. As meias coletadas viram cobertores que são doadas à moradores de rua. Segue o link com o vídeo da campanha.
- O Boticário: a iniciativa aqui não é voltada para o descarte de roupas, mas de embalagens de cosméticos. Outro material que quem não tem acesso à coleta seletiva encontra dificuldade em descartar corretamente. Através do projeto Boti Recicla, a empresa recolhe (urnas coletoras em todas as lojas) embalagens de produtos, tanto d’O Boticário quanto de outras marcas de cosméticos, para reciclagem. A matéria-prima gerada por esse processo é transformada em mobiliário e material de construção para as lojas sustentáveis da marca. Atualmente existe apenas uma, localizada em São Paulo, porém são previstas mais sete lojas nesse modelo a serem inauguradas no Brasil.
Descarte de peças íntimas
Infelizmente a reciclagem de roupas íntimas não é muito viável. Isso porque essas peças apresentam misturas de fibras na composição (algodão, elastano, nylon etc) e, em geral, só é possível reciclar materiais 100% puros, como tecidos 100% algodão, por exemplo. As lojas com urnas coletoras que citei anteriormente também não recolem esse tipo de peça pelos mesmos motivos.
Mas calma, nem tudo está perdido. Ainda podemos contar com upcycling e doação. Isso mesmo, você leu corretamente: doação. O projeto Amiga Recicla da marca mineira de lingerie Ouseuse tem um projeto super legal de doação de calcinhas e sutiãs em bom estado. As peças passam por um processo de higienização e depois são doadas a mulheres carentes. Além de disponibilizar pontos de coleta no showroom da fábrica em Juruaia (MG) e em lojas licenciadas em todo o Brasil, também é possível enviar as peças pelo correio. Interessou? Aí vai o link com o endereço.
No caso das lingeries gastas, a boa notícia é que os tecidos 100% naturais (como algodão e linho) podem ser jogados diretamente em composteiras. Basta retirar o elástico, rendas, lacinhos etc. e cortar a peça em pedaços bem pequenos para facilitar a degradação. Não tem composteira? Tudo bem, ainda é possível enterrar o tecido, tomando os mesmos cuidados.
A última alternativa, como afirma Cristal Muniz em seu vídeo super explicativo no YouTube (recomendadíssimo), é tratar esse tipo de resíduo dentro de casa. Então aí vão algumas dicas dela e da bióloga Salma Tavares do Eco Saber: usar o tecido como enchimento de almofadas e bichinhos de pelúcia, como paninhos de limpeza ou até sachês aromáticos para gavetas.

Concluindo
Essas foram algumas dicas que podem nos ajudar a dar um destino mais sustentável às roupas que estão paradas no guarda-roupa. É sempre bom pensarmos no impacto que o descarte inadequado das peças pode ter no meio ambiente. Repasse para uma amiga ou familiar, doe, revenda, reutilize ou encaminhe para lojas que saberão dar um destino correto a elas; mas nunca, em hipótese alguma, jogue-as fora. Lembrando que não existe fora, não é mesmo? Todo o lixo que a gente descarta continua no planeta.
E vocês, o que fazem com as roupas que não servem mais? Gostaram das dicas? Conhecem alguma outra que não mencionei? Não esqueçam de me contar nos comentários.
Um super beijo e até a próxima!